COLUNA VAPT-VUPT (*)
A pouco mais de ano para as eleições de 2026, políticos começam a se mexer a fim de garantir mais um mandato — desejo comum de 100% de governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais.
Campanha política deveria ser momento de fazer o “encontro de contas”. O político mostra o que fez e o eleitor o julga pelo trabalho de quatro anos e, no caso do Senado, de oito anos.
Desde 2018, quando a direita se transformou em tsunami eleitoral, os sul-mato-grossenses têm enfrentado “traições” de seus representantes.
Todos eles estão em partidos de direita, mas fazem parte da base de apoio do governo, principalmente, sobre matérias ideológicas. Não se contesta, por exemplo, votar por mais recursos à educação, à saúde e à segurança pública.
Desde 2018, quando a direita se transformou em tsunami eleitoral, os sul-mato-grossenses têm enfrentado “traições” de seus representantes
Dos 11 parlamentares federais (três senadores e oito deputados), nove foram eleitos pela direita.
Desses, cinco são parte da base de apoio ao atual governo: no Senado, Nelsinho Trad (PSD), sempre com um pé cá e outro lá; e Soraya Thronicke (Podemos), eleita com o slogan “a senadora do Bolsonaro”; na Câmara dos Deputados, Beto Pereira, Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende, todos do PSDB.

Dagoberto é o mais camaleão dos “direita traíra” — político que se adapta às circunstâncias, mudando de postura e ideias para se manter relevante ou para se beneficiar de uma determinada situação.
Recentemente, afirmou que Lula governa para os pobres e Bolsonaro para os fazendeiros, justo no Estado em que o agronegócio sustenta a economia. Aliado histórico dos governos petistas, migrou para o PSDB antes das eleições de 2022 porque percebeu que não teria votos suficientes para se reeleger no PDT.
No Estado, dos 11 parlamentares federais (três senadores e oito deputados) 9 foram eleitos pela direita
Em 2026, ele estará novamente atrás, literalmente, dos principais nomes da direita no Estado, com o pescoço esticado para sair bem nas fotos junto ao governador Eduardo Riedel (PSDB), cuja gestão é reconhecida nacional e mundialmente.
Também se aproveitará da popularidade do pré-candidato ao Senado, o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), e da senadora Tereza Cristina, presidente estadual do PP.
A esperteza ou falta de postura política de Dagoberto Nogueira tem norteado políticos que se elegem pela direita, mas na hora de agir, conforme prometido aos eleitores, trocam de lado, como se o mandato fosse apenas deles. “O voto é meu faço com ele o que quiser”, repetiu várias vezes recentemente deputado federal do Estado no plenário da Câmara dos Deputados.
A esperteza ou falta de postura política de Dagoberto Nogueira tem norteado políticos que se elegem pela direita
O voto, ao contrário do que sugerem tais pensamentos, não é apenas do representante. A conduta nas discussões de matérias importantes no Congresso tem que ser guiada por quem os elegeu. Dagoberto deve explicações aos eleitores de Mato Grosso do Sul por atuar fortemente em defesa do governo Lula e de pautas ideológicas da esquerda.
Na verdade, a resposta tem que vir das urnas em 2026 porque o deputado jamais admitirá que esteve quatro anos do outro lado. Nada causa mais impacto a qualquer político que a decisão do eleitor de mandá-lo para casa por “quebra de acordo”, assumido na campanha eleitoral. O voto serve para isso.
Geraldo Resende e Dagoberto Nogueira, bem como Soraya Thronicke e a ministra Simone Tebet (MDB) merecem gozar férias por alguns anos sem remuneração paga com dinheiro público.
(*) Vapt-Vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público