POR ANTONIO CARLOS TEIXEIRA (*)
O Santos é hoje um dos times mais “bonzinhos” do Campeonato Brasileiro. Aceita os males contra si, sem reagir, sem esboçar a mínima intenção de confrontar seus algozes, digamos.
O que se vê em campo, também se observa fora, com dirigentes poucos ativos em relação aos bastidores. Não se propõe exercer pressão para ser beneficiado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), notadamente pela Comissão de Arbitragem. Não é isso, evidentemente.
Percebe-se um clube que tem aceitado certas coisas sem resiliência. Não se indigna, não se briga contra algo de errado que lhe afetou. Somos o clube bonzinho, o coirmão doce, compreensivo e que dá a outra face para ser estapeada, se assim desejar o algoz. Não! Não é assim que funciona no futebol.
O que se ve em campo, também se observa fora, com dirigentes poucos ativos em relação aos bastidores
Neste Campeonato Brasileiro o Santos foi prejudicado em diversas ocasiões. Mencionar todos os erros seria cansativo, mas os da última partida estão na memória do torcedor.
Cite-se, por exemplo, o primeiro pênalti, um atentado ao futebol; o pênalti em cima do Tiquinho ainda no primeiro tempo e a falta de critério da arbitragem na aplicação dos cartões.
Nesse caso, cabe comparar a falta intencional em Zé Rafael, próxima à área do Fortaleza, e a cometida por Rollheiser em saída de contra-ataque do adversário com Marinho. Só o santista foi advertido com amarelo e não enfrenta o Palmeiras.
Em campo, do lado do Santos, jogadores passivos, calados, um olhando para a cara do outro. Pituca, o capitão, deixou o zagueiro Brítez, do Fortaleza, conduzir a arbitragem a partida inteira.
Cabe comparar a falta intencional em Zé Rafael, próxima à área do Fortaleza, e a de Rollheiser em saída de contra-ataque com Marinho. Só o santista foi advertido com amarelo
O apito danoso contra o Santos no Ceará teve fechamento absurdo na súmula do árbitro Paulo César Zanovelli. Ele simplesmente tirou o gol do Rollheiser e anotou como contra do goleiro do Fortaleza. Cadê o protesto do Santos?
Bobagem, devem estar a dizer.
No futebol, é preciso ser firme nas cobranças e nas decisões. Não se ganha campeonato sendo bons moços, mas estes podem ser rebaixados, ah como podem! Brinquem para ver?
Em campo, repita-se, para que fique claro, o Santos é um time que não se fala, não se discute posicionamentos, não se une para cobrar decisões erradas da arbitragem.
No futebol, é preciso ser firme nas cobranças e nas decisões
Não é defender comportamentos exagerados — como ocorre sistematicamente no Palmeiras, cuja comissão técnica cria clima de guerra em todas as partidas, sem punições compatíveis — mas que todos percebam que se trata de equipe coesa, que está atrás de seus objetivos e que não aceitará ser prejudicada.
Quanto à diretoria, é preciso construir um caminho para o restante da competição. Um novo campeonato terá início em menos de 30 dias.
Se houver planejamento adequado nesse período, o Santos tem chances de buscar algo maior do que simplesmente escapar do rebaixamento.
Por “planejamento adequado”, entenda-se contratações pontuais (lateral, zagueiro, volante e atacante), correções táticas do time e até a possibilidade de trocar o treinador, caso Vojvoda deixe o Fortaleza, além de posicionamentos firmes dentro e fora de campo.
Não é defender comportamentos exagerados, mas que todos percebam que há ali uma equipe coesa
Não se pode baixar a guarda quando se está numa selva cheia de feras à caça de suas presas. A competição é dificílima e exige quase perfeição dentro e fora de campo para conquistar objetivos.
Reitere-se confiança na “honestidade de propósito” da diretoria, mas algumas arestas precisam ser fechadas. Exigir arbitragem imparcial e criteriosa não é pressão desnecessária; é justiça. Só quem apanha sente a dor de agressão injusta, covarde e desonesta.
(*) Torcedor e sócio do Santos, jornalista, assessor em órgão público, pós-graduado em Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e especialista em Criptoativos – Rastreamento, Ilícitos Criminais e Tributários (RFB).
Perfil Twitter: @actbrasilia