De Campo Grande
No Brasil, o coronavírus chegou em boa hora para alguns governadores e centenas de prefeitos, muitos deles ansiosos para conseguir a reeleição em outubro. Uns, de fato, pensando em proteger a população; outros apenas surfando na onda de “medidas para enfrentar o vírus”.
Em Campo Grande, o prefeito Marcos Trad, irmão do senador Nelsinho Trad e do deputado federal Fábio Trad, todos do PSD, e primo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), impôs medidas severas de isolamento aos moradores da cidade, onde há 43 casos confirmados.
Instruído por seu primo, Trad determinou “toque de recolher”, convocou os moradores para oração neste domingo e mandou fechar o comércio, a base da economia local. Gravou pronunciamentos ao vivo, foi a programas de TV e rádio e apareceu distribuindo cestas básicas em bairros pobres do município.
A população, contudo, cobra ações mais concretas da prefeitura. Entre elas, a redução do ISS (Imposto sobre Serviços) para as empresas atingidas pela paralisação e do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para as pessoas donas de imóveis.
Improbidade
A “bondade” do prefeito de Campo Grande está registrada em fotos e vídeos. De camiseta e calção, protegido por máscara e luvas, Marquinhos Trad, como é conhecido, posou de “anjo dos mais desvalidos”, atitude que pode causar sérias dores de cabeça ao administrador.
Ação semelhante levou a Justiça de Alagoas a bloquear R$ 200 mil em bens móveis e imóveis do prefeito de Teotônio Vilela, João José Pereira Filho (MDB), por aproveitar a pandemia de coronavírus para distribuir cestas básicas e usar a máquina pública para fins pessoais e eleitorais.
A Justiça de Mato Grosso do Sul, no entanto, não se manifestou até o momento sobre a distribuição de produtos alimentícios pelo prefeito, que compunham itens da merenda escolar.