BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Rosana Brandão Rodrigues, 37 anos, tem uma rotina voltada exclusivamente aos cuidados de um dos seus três filhos. Mesmo sendo mãe de bebê de um ano e sete meses, dedica parte do seu tempo a Rihan Carlos, de 12 anos.
O garoto é portador de mielomeningocele, o tipo mais grave de espinha bífida, uma malformação congênita da coluna vertebral, e de hidrocefalia, que é um acúmulo anormal de líquor nos ventrículos.
Rosana é uma das mães atípicas (filhos com deficiência física e intelectual) que têm sofrido com a falta de atenção, especialmente da Prefeitura de Campo Grande. Elas têm percorrido gabinetes para tentar minimizar os problemas dos seus filhos, como a falta de remédios, de fraldas e de produtos específicos para a dieta diária deles.
Rosana é uma das mães atípicas que têm sofrido com a falta de atenção, especialmente da Prefeitura de Campo Grande
Como se não bastasse a falta de assistência pública, a cadeira de rodas de Rihan quebrou. Sem condições financeiras, a mãe faz rifas, vaquinha e pede ajuda a amigos e parentes para comprar uma nova cadeira, orçada em R$ 5 mil.
“Olá, meu nome é Rosana Brandão, mãe deste lindo adolescente. Venho aqui pedir ajuda para conseguir compra uma cadeira nova para meu filho, Rihan Carlos. Ele tem uma deficiência chamada mielomeningocele e hidrocefalia. Abri uma vaquinha para custear a compra da cadeira de rodas para ele. Os custos com ele já são bem altos. Eu não tenho renda alguma. Só temos o BPC…”, resume o apelo da mãe.

Ela acrescenta que buscou alternativas, mas sem sucesso. “O SUS não faz a entrega da cadeira que ele precisa, além do processo ser demorado e ele não pode esperar. A cadeira dele está quebrada. O meu filho está com duas lesões no bumbum porque a cadeira também não cabe mais ele. Não tenho como comprar. Todo dinheiro vai para remédio e dieta alimentar”, desabafa.
Para ajudar Rosana a comprar uma nova cadeira para Rihan, você pode acessar o link da Vakinha https://www.vakinha.com.br/5469291, ou fazer Pix para a chave 67991424257.
No momento de dar sua contribuição, verifique se o link não é falso e não mande Pix para qualquer outra chave, a não ser a informada nesta matéria.
Para ajudar Rosana a comprar uma nova cadeira para Rihan, você pode acessar o link da Vakinha https://www.vakinha.com.br/5469291, ou fazer Pix para a chave 67991424257
Luta antiga
O caso das mães atípicas teve repercussão durante as eleições de 2022. Reportagens publicadas pelo MS em Brasília denunciaram o então deputado federal Loester Trutis e a mulher dele, Raquelle Lisboa Alves Souza, ambos do PL. O casal de políticos usou indevidamente a imagem delas para se promover nas eleições (ver aqui e aqui).
Trutis, que disputava a reeleição, e Raquelle a uma vaga de deputada estadual, montaram entidade fictícia para simular atendimentos a essas mães. Em vídeo gravado e divulgado no período eleitoral, Raquelle aparecia mostrando o suposto trabalho feito a esse grupo de mães, o que foi desmentido por pelo menos uma dezena delas.
O MS em Brasília, à época, divulgou depoimentos das famílias enganadas pelo casal Trutis. Os políticos tentaram censurar a matéria, mas a Justiça Eleitoral negou o pedido porque, segundo a decisão, não houve desinformação ou inverdades sobre o caso (ver aqui e aqui).
O casal de políticos usou indevidamente a imagem delas para se promoverem nas eleições
Mais drama
De lá para cá, no entanto, as mães viram a situação se repetir com outros políticos, como a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP). Em 11 de maio do ano passado, elas acionaram o Ministério Público Estadual (MPE) contra a prefeitura, mas a solução não veio (ver aqui).
Em 17 de outubro de 2024, em plena campanha eleitoral, um protesto das mães atípicas ofuscou evento político com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em Campo Grande. Na época, houve grande mobilização dos aliados da prefeita para evitar desgaste político à imagem da prefeita.
Em janeiro deste ano, elas voltaram a cobrar medidas urgentes para resolver a situação, como a falta de remédios e produtos específicos para a dieta das crianças.

Sem solução da Prefeitura de Campo Grande, o deputado estadual Pedrossian Neto (PSD) marcou reunião na Assembleia Legislativa com a participação de secretários estaduais, como a secretária de Assistência Social, Patrícia Cozzolino.
Foi discutida a possibilidade de ampliar os benefícios do programa estadual “Cuidar de Quem Cuida”, que prevê o pagamento de benefício social a cuidadores não remunerados de pessoas com deficiência.
O governador Eduardo Riedel encaminhou projeto de lei com proposta de mudança, o que foi aprovado pelos deputados estaduais. O texto permite acumulação desse programa com o Mais Social na modalidade alimentos.
Pedrossian Neto afirma que algumas mães estão com dificuldades de enquadramento e outras teriam sido excluídas do programa.
O governador Eduardo Riedel encaminhou projeto de lei com proposta de mudança, o que foi aprovado pelos deputados estaduais
Outro lado
O MS em Brasília encaminhou, ontem cedo (29), pedido de esclarecimentos à Prefeitura de Campo Grande sobre os compromissos firmados com as mães atípicas, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. A falta de resposta da Assessoria de Imprensa da prefeita Adriane Lopes a pedidos de informações de interesse da sociedade é comum.